Na era da TV analógica (há muito tempo), a América do Norte, o Japão e algumas outras regiões usavam o sistema de transmissão NTSC. Quando a tecnologia colorida chegou, na década de 1950, os engenheiros ajustaram levemente a taxa de atualização — de 60 Hz para aproximadamente 59,94 Hz — para inserir as informações de cor no sinal sem interromper os aparelhos em preto e branco ou dessincronizar o áudio. Esse número peculiar de 59,94 permaneceu. Avançando para o presente, você o encontrará embutido em discos Blu-ray, placas de captura e inúmeros painéis LCD e OLED que ainda anunciam "60 Hz", mas na verdade marcam 59,94 Hz por baixo.
O Windows também percebe essa herança. Quando o handshake EDID do seu monitor diz: "Ei, eu realmente atualizo a 59,94 Hz", o sistema operacional arredonda educadamente para baixo e rotula o modo como "59 Hz". Alguns drivers gráficos chegam a expor dois modos quase idênticos — um marcado como 59 Hz (59,94) e outro como 60 Hz (60.000). Em muitos monitores modernos, ambos funcionam, mas TVs mais antigas e um número surpreendente de monitores de desktop só se comportam perfeitamente na taxa legada. Portanto, o limite de 59 FPS existe para corresponder a essa atualização real e manter tudo em sincronia.
A recompensa é uma jogabilidade mais fluida. Com a sincronização vertical ativada, cada quadro deve cair exatamente quando a tela termina de ser atualizada. Se o seu painel vibra a 59,94 Hz, mas o motor de jogo insiste em 60.000 FPS, a diferença de 0,06 quadros aumenta como uma bola de neve — sua fila de renderização fica fora de fase, causando microtravamentos ou até mesmo cortes ocasionais. Limitar o motor a 59 FPS (ou simplesmente escolher o modo de exibição de 59 Hz) alinha os dois clocks novamente, e esses soluços desaparecem.
Isso também é importante para streamers e qualquer pessoa que capture imagens. Ferramentas como o OBS têm como padrão 59,94 FPS porque consoles de jogos, reprodutores de Blu-ray e adaptadores de captura HDMI geram essa taxa exata. Se você estiver jogando a 60 FPS reais enquanto grava a 59,94, o áudio pode perder a sincronização lentamente ou os quadros podem ser perdidos para que os cálculos funcionem. Fixe o jogo em 59 e o problema desaparece.
Escolher 59 FPS prejudica a suavidade visível? Não exatamente. A diferença entre 59 e 60 é de apenas 1,7%, bem abaixo do que os olhos conseguem detectar em movimento. O que você ganha é cadência: cada quadro chega no tempo certo, a carga de trabalho da GPU parece mais estável e suas gravações permanecem harmoniosas.
Ainda há momentos em que 60 FPS sólidos fazem sentido. Monitores gamer com alta taxa de atualização que realmente rodam a 60.000 Hz (ou qualquer valor acima) funcionam bem, especialmente se você usar tecnologia de sincronização adaptativa como G-Sync ou FreeSync. Jogadores competitivos que buscam a menor latência costumam ultrapassar a taxa de atualização de qualquer maneira. Mas se a frequência real da sua tela for 59,94 Hz — e muitas TVs de sala de estar e monitores de escritório ainda são — optar por 59 FPS é a maneira mais simples de manter cada quadro onde ele merece.
Então, da próxima vez que essa configuração estranha aparecer, você saberá que não é um erro. É um aperto de mãos silencioso entre o histórico, o hardware e o software, tentando fornecer a imagem mais limpa e estável possível. Experimente e veja se o seu jogo fica um pouquinho mais fluido.
Foto por Tima Miroshnichenko